• Dieta para quem tem doença de Crohn: saiba o que comer ou evitar para diminuir a inflamação intestinal

A doença de Crohn é uma doença crônica e inflamatória que causa uma desordem no trato digestivo. Ela faz parte das doenças inflamatórias intestinais e acomete principalmente adolescentes e jovens adultos. O sintoma de maior prevalência é a desnutrição devido à baixa ingestão alimentar, má absorção de nutrientes e outros1, 2.

A desnutrição é um dos fatores mais associados a piores desfechos clínicos em pacientes com doença inflamatória intestinal, e por isso, torna-se essencial a avaliação de terapias nutricionais para o cuidado no desenvolvimento clínico da doença1.

Outros sinais e sintomas frequentes em quem possui doença inflamatória intestinal1, 3:

  • Diarreia e constipação intestinal – podendo alternar entre eles;
  • Pus, muco e/ou sangue nas fezes;
  • Dor abdominal;
  • Flatulência;
  • Inchaço;
  • Perda de massa muscular – pode levar a sarcopenia;
  • Fístulas;
  • Anorexia;
  • Náuseas;
  • Vômitos;
  • Azia;
  • Anemia;
  • Osteoporose.

 

Na fase aguda, os sinais e sintomas são frequentes e muito intensos. Já na fase remissiva, a doença está em período de controle e há poucos sinais e sintomas3.

Para evitar a inflamação intestinal e as crises de sintomas, é importante a adoção de uma dieta adequada. A alimentação balanceada supre as carências nutricionais e auxilia na melhora clínica do paciente.

 

Importância da alimentação adequada para portadores de doença de Crohn

A dieta para quem tem doença de Crohn tem por objetivo suprir todas as necessidades nutricionais, evitando assim a desnutrição e suas consequências2.

Com o diagnóstico da doença de Crohn, muitos pacientes buscam informações sobre aquilo que podem comer para que não piore o quadro clínico e não sintam efeitos graves. No entanto, é preciso tomar cuidado com aquilo que se encontra em uma busca por respostas assim na internet. Dietas prontas e sem recomendação médica ou nutricional podem piorar o quadro clínico e levar a desfechos mais graves, não suprindo as necessidades nutricionais individuais.

Para a alimentação oral, nenhuma dieta específica possui comprovação clínica ou científica1. No entanto, o paciente pode reduzir o consumo daqueles alimentos que causam desconforto após ingestão, especialmente nos momentos de crise inflamatória2.  

É importante que cada caso seja analisado por um profissional que conheça o histórico clínico do paciente. Dessa forma, é possível a preparação de uma dieta exclusiva e que realmente funcione.

 

Melhores alimentos para quem tem doença de Crohn

Cientificamente sabe-se que alguns alimentos podem aumentar ou diminuir a inflamação intestinal. É possível trazer alguns exemplos do que pode auxiliar o paciente no processo de tratamento da doença de Crohn:

 

  • Fibras: uma grande diversidade de fibras pode auxiliar a manutenção da microbiota intestinal e reduzir o risco de ocorrer piora da doença*1;
  • Frutas e vegetais: sempre sem casca e sem sementes3;
  • Proteínas derivadas de frango e peixe2,3;
  • Arroz, pão, macarrão: de preferências os brancos3.

 

Apesar de a ingestão de líquidos não ser capaz de diminuir a inflamação intestinal, é fundamental aumentar a hidratação do corpo. Afinal, durante a Doença de Crohn é comum a diarreia frequente, o que é um risco para a desidratação. Portanto, é necessário aumentar a ingestão de líquidos hidratantes, como água, vitaminas, sucos e soluções de reidratação4.

 

Dica: a prática de remolho para grãos evita a flatulência.

 

*Para pacientes com estenose ou fístulas não é recomendado o consumo de fibras em excesso e é necessário maior ingestão de líquidos. Por isso, o acompanhamento nutricional é indispensável1.

 

O que evitar comer durante as crises da doença de Crohn

As recomendações não significam que quem possui doença de Crohn não pode comer esses alimentos, mas é interessante evitá-los para que não ocorram crises. É importante que cada caso seja avaliado individualmente, dado que não há certeza na influência desses alimentos sobre a remissão da doença e nem redução dos sintomas.

 

  • Carboidratos: apesar de ser popular, ainda não há comprovação científica de que a restrição a carboidratos pode promover a remissão da doença1. No entanto, a redução no consumo alimentos ricos em carboidratos complexos podem diminuir a inflamação intestinal2. São exemplos de alimentos ricos em carboidratos complexos: arroz, pão, aveia, principalmente os alimentos integrais.
  • Gorduras: especialmente a animal, devido à dificuldade de digestão2;
  • Grãos que possuem glúten2;
  • Lactose2;
  • Carne vermelha: o consumo em excesso pode aumentar a inflamação devido à dificuldade de digestão. No entanto, alguns estudos apontam que a ingestão de carne vermelha uma vez na semana, a cada duas semanas, não interfere na inflamação intestinal2;
  • Carnes embutidas e alimentos ultraprocessados4;
  • Frituras3;
  • Bebidas alcoólicas e bebidas com muito açúcar ou cafeína3.

 

 

Suplementos alimentares para quem tem doença de Crohn

A terapia de nutrição enteral é amplamente aceita por especialistas para restaurar o estado nutricional do paciente ou mantê-lo saudável. Ela é capaz de restaurar a microbiota comensal e melhorar a resposta imune. Recomenda-se sua aplicação em pacientes com as seguintes características1:

  • Desnutrição grave;
  • Desnutrição moderada com ingestão alimentar insuficiente por mais de 5 dias;
  • Estado nutricional regular, porém, com ingestão alimentar insuficiente por mais de 10 dias ou;
  • Hipercatabolismo moderado ou grave.

 

A nutrição enteral tem preferência sobre a terapia parenteral. No entanto, em casos de isquemia intestinal, choque grave, fístulas intestinais de alto débito ou hemorragia intestinal grave a nutrição parenteral tem prioridade1.

Além disso, no período pós-operatório é essencial que haja suplementação nutricional, independentemente da via de escolha, pois diminui o risco de complicações pós-operatórias1.

Em pacientes pediátricos, a nutrição enteral exclusiva é a única dieta que realmente influencia nas taxas de remissão. Esse esquema de terapia nutricional pode melhorar a cicatrização das mucosas em até 8 semanas2.

O Survimed® OPD Drink é uma excelente opção de suplementação oral normocalórica e normoproteica, e que pode ser utilizada por pacientes que estão aptos à ingestão oral.

Para aqueles pacientes tiveram recomendação médica de nutrição enteral, o Survimed® OPD se apresenta em dois tamanhos, e possui os nutrientes e a segurança que o paciente precisa.  

Para saber mais sobre a nutrição enteral durante a doença inflamatória, leia: “Qual é o papel da nutrição enteral na doença inflamatória intestinal crônica?”.

 

Lembre-se sempre: uma dieta equilibrada e adequada às necessidades nutricionais individuais contribui para o sucesso no tratamento e para a redução de sinais e sintomas na fase ativa. Sempre procure um médico e um nutricionista e não siga dietas prontas encontradas na internet.

 

Referências:

 

  1. Balestrieri, Paola et al. Nutritional Aspects in Inflammatory Bowel Diseases. Nutrients. v. 12, n. 2, 2020. DOI: https://doi.org/10.3390/nu12020372
  2. Schreiner, Philipp et al. Nutrition in inflammatory bowel disease. Digestion, v. 101, n. 1, 2020. DOI: https://doi.org/10.1159/000505368
  3. Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Alimentação na doença inflamatória intestinal. Rio de Janeiro: UNIRIO. Escola de nutrição. Laboratório de Evidências em Nutrição Clínica. 2020. Disponível em: http://www.unirio.br/ccbs/nutricao/niden/arquivo/material-educativo/alimentacao-na-doenca-inflamatoria-intestinal-Niden. Acesso em: 14 ago 2023.
  4. The Crohn's & Colitis Foundation. What Should I Eat?. Disponível em: https://www.crohnscolitisfoundation.org/diet-and-nutrition/what-should-i-eat. Acesso em: 15 ago 2023.

 

Publicado em 15 de Maio de 2024

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